domingo, 2 de maio de 2010

CORAGEM

É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso. Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção...porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque escrevo! Que fatalidade é esta? [ Clarice Lispector ]

Como Clarice,  aqui estou eu precisando de coragem e também portadora de alguns fardos. Escrevo para aliviar . Eu, que tão corajosa já fui, sinto-me tão frágil, feito um vaso de louça. As lágrimas não me pedem permissão para escorrer. Faço uma força danada para impedir que elas molhem minha face, mas não tem jeito. Elas são mais corajosas. Audaciosas eu diria. E  eu aqui, digitando, e as gotinhas espirrando de meu canal lacrimal.


Quis ser forte muito tempo. E corajosa e audaciosa. Cumprir rituais com precisão. Ignorei a minha alma, meu coração. Achei que tudo se resumiria em trabalho, em conquistas, vitórias. Abri mão de ter sonhos e deixei que os sonhos de outras pessoas fossem os meus.


Não me arrependo de ter sido útil, de ter estendido as mãos , de ter sido consoladora, de ter abdicado de mim. Sei que isso tudo foram fases de um processo.  Estou sendo conduzida para novas veredas. Mais simples, menos tortuosas. Coloco os pés na trilha , um pouco cambaleante ainda. Tenho medo das encruzilhadas, curvas e declives. Não estou ainda forte para caminhar sem ajuda de um cajado. Mas como canta o poeta... "ando devagar porque já tive pressa..."


Hoje gosto um pouco mais de mim. Imperfeita, hiper sensível, porém, com os pés na estrada. Limpando o entorno das trilhas. Tirando as folhas secas e espinhosas que me impedem de fazer a travessia.

A coragem. Ah... essa às vezes me deixa na mão. Me ludibria. A coragem nos permite fazer escolhas e eu nem sempre estou apta a fazê-las. Carrego indagações sem fim em minha mente.


Sei que sou muito complexa. Queria me simplificar, como uma simplificação em matemática. Ser mais objetiva, menos indecisa, mais confiante, menos questionadora. Mas como transformar uma equação complexa como eu em apenas um resultado de um dígito? Impossível... Continuo equação de segundo grau...

Hoje preciso de coragem, amanhã também , é claro. Mas hoje preciso, porque apareceu um buraquinho no meu coração. E dele está gotejando um sangue que se transforma em lágrimas.
Preciso de um curativo , um band-aid. Nem que seja paliativo, mas que dure até voltar minha coragem...



 

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Fiquei com saudade de um mundo que perdi (por culpa própria): o mundo do tempo comprido, arrastado (os paulistas ficam aflitos ouvindo a fala vagarosa e cantada dos mineiros....); dos móveis feitos a golpes de enxó, orgulhosos de sua rusticidade; das crianças de pés descalços na enxurrada; do cheiro dos cavalos suados; do frango com quiabo, angu e pimenta; do caldo de “ora-pro-nobis” com fubá; do café na canequinha de folha; da cadeira de vime à porta de casa; na rua, meninada brincando; meu pai fumando cachimbo; do banho de cachoeira; sobretudo, saudades do Mar de Minas.

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